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O senador Delcídio do Amaral e o banqueiro André Esteves passaram a primeira noite na prisão. No Rio, Esteves confirmou à Polícia Federal que encontrou o senador algumas vezes, pra discutir a situação econômica do país. Em Brasília, o depoimento de Delcídio do Amaral durou até o início da noite desta quinta-feira (26).
Delcídio do Amaral passou a primeira noite numa sala improvisada na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. O senador não ficou em uma cela porque tem foro privilegiado. O chefe de gabinete dele, Diogo Ferreira, também preso nesta quarta-feira (25), dormiu no mesmo prédio, mas na carceragem. Logo cedo, um assessor levou café da manhã pra Delcídio, disse que ele dormiu bem e que estava confiante e sereno.
A pedido da Procuradoria-Geral da República, o Supremo Tribunal Federal já abriu inquérito pra investigar a tentativa do parlamentar de impedir as investigações da Operação Lava Jato. Nesta quinta-feira (26), Delcídio deu as primeiras explicações à Polícia Federal.
Delcídio foi flagrado atuando pra impedir ou manipular o conteúdo da delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Foi tudo gravado pelo filho de Cerveró, Bernardo, que levou um celular para a conversa que teve com o senador, o chefe de gabinete dele, Diogo Ferreira, também preso, e o então advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro.
Para deixar o senador fora da delação, a família de Cerveró receberia, segundo os procuradores, R$ 50 mil por mês. Na conversa gravada, o filho reforça que, por causa da prisão de Cerveró, a família precisa de segurança financeira.
Segundo os procuradores, Delcídio negociou pagamentos ao então advogado de Cerveró, Edson Ribeiro: R$ 4 milhões em honorários. Parte do dinheiro seria paga a partir de um contrato fictício com André Esteves.
A Polícia Federal já ouviu o banqueiro André Esteves. No depoimento, Esteves negou ter tratado com Delcídio sobre a delação de Cerveró e afirma que nunca pagou ou ofereceu vantagem, "sendo indiferente a conclusão ou não do acordo".
O banqueiro disse que se reuniu cinco vezes com Delcídio nos últimos 12 meses e que eles mantinham conversas informais, sobre cenários políticos e sobre economia. Esteves disse que já recebeu Delcídio na sede do BTG, a pedido do senador, pra falar de temas de interesse do governo, como a recriação da CPMF e o projeto de repatriação de dinheiro de brasileiros no exterior.
O banco de André Esteves fez negócios com outro personagem preso da Lava Jato: José Carlos Bumlai, pecuarista, amigo do ex-presidente Lula e próximo de Delcídio. Bumlai e Delcídio são de Mato Grosso do Sul.
Em 2012, Bumlai vendeu uma fazenda em Mato Grosso do Sul pro BTG Pactual. O BTG pagou R$ 219 milhões pela área. Bumlai também tem relações com a família do empresário que pode assumir a vaga de Delcídio no Senado: Pedro Chaves, suplente do senador. A filha dele é casada com Fernando Bumlai, filho de José Carlos Bumlai.
O advogado Edson Ribeiro é o único que ainda não foi preso. O nome dele está na lista de procurados da Interpol. Edson Ribeiro está nos Estados Unidos e só pode ser preso depois que as autoridades americanas receberem um comunicado do Brasil. Ele já teve o visto cancelado. Assim que forem cumpridas as formalidades, ele deve ser preso e levado pra Brasília.
G1