BARRAGEM DA SAMARCO EM MARIANA JÁ TINHA FALHAS HÁ QUATRO ANOS
Laudos anuais feitos por auditores externos entre 2011 e 2015 na
barragem da Samarco que ruiu no início de novembro, em Mariana, Minas
Gerais, apontavam a necessidade da realização de obras principalmente em
relação à drenagem de água da chuva para evitar sobrecarga na estrutura
de contenção da barragem. Os documentos, assinados por técnicos
contratados pela empresa, apontam problemas como trincas nas canaletas
utilizadas no escoamento pluvial.A barragem, chamada Fundão, se rompeu
em 5 de novembro. A lama de rejeitos de minério de ferro que desceu da
estrutura destruiu o distrito de Bento Rodrigues, matando 17 pessoas.
Outras duas estão desaparecidas. A Polícia Federal, Civil, e o
Ministério Público investigam as causas do acidente. A lama, via
afluentes, atingiu o Rio Doce, percorrendo cerca de 600 quilômetros até o
mar, no litoral do Espírito Santo.Apesar da necessidade da realização
das obras, os auditores, nos cinco laudos, não viram necessidade de
interrupção do funcionamento da barragem. A emissão dos documentos por
técnicos contratados pela própria empresa está prevista na legislação
estadual, conforme explica o presidente da Fundação Estadual do Meio
Ambiente (Feam), Diogo Soares de Melo Franco. A manutenção desse sistema
está em discussão por um grupo criado pelo estado depois da tragédia em
Mariana para discutir o formato do licenciamento ambiental em Minas.
Todos os laudos foram encaminhados à Feam.A necessidade de obras na
drenagem consta em todos os cinco laudos, de 2011 a 2015. No primeiro, o
texto afirma a necessidade de “desobstruir e limpar as estruturas de
drenagem superficial”, “reparar as estruturas de drenagem que estão
quebradas e ou danificadas. Caso não ocorra tempo hábil anteriormente ao
período chuvoso 2011/2012, implantar ações emergenciais suficientes
para passar tal período e executar os reparos posteriormente”. O
relatório é de 26 de agosto de 2011.