CIENTISTA POLÍTICO QUESTIONA METODOLOGIA DE PESQUISA EM BARREIRAS


O cientista político Rony Moreno, do Instituto de Pesquisa Insight, analisou a pesquisa AtlasIntel/A TARDE, divulgada nesta quarta-feira (14), sobre a acirrada disputa eleitoral em Barreiras. O especialista contestou a metodologia implantada pelo levantamento, que mostra certo acirramento entre os quatro candidatos a prefeito. Para Moreno, numa cidade como Barreiras, precisa haver proporcionalidade da quantidade de amostras e a população de cada bairro.

“Nós não estamos aqui para contestar o Instituto Atlas. Mas nós estamos aqui para contestar a metodologia implantada. Esse sistema que a Atlas usa não vai funcionar corretamente em cidades de menor porte. Cidades que tenham abaixo de 500 mil eleitores, 200, 300 mil eleitores. Porque nesse tipo de cidade existem peculiaridades. Você não pode desconsiderar que nessas cidades existem bairros que determinados candidatos têm lideranças, há bairros populosos que fazem muita diferença no resultado final de uma pesquisa”, ponderou.

O cientista político afirmou ainda que, mesmo que o levantamento ocorra dentro dos parâmetros de escolaridade, renda e sexo, precisa ter amostras proporcionais à população de cada bairro. “Exemplo: você não pode tirar 55 amostras num bairro Renato Gonçalves, 55 amostras no bairro Aratu ou no Bandeirantes e tirar apenas 25 amostras no maior bairro da cidade. Não pode cometer esse erro. Você não pode tirar 12 amostras na Vila Brasil, oito amostras na Vila Rica, que têm uma quantidade de eleitores absurdos e que estão incluídos em todas as classes”, questionou.

“Não tem como você fazer uma pesquisa pro sistema eletrônico, quer seja WhatsApp ou Instagram, e não tirar a amostra correta por esses bairros. Você também não pode desconsiderar as variáveis de estatísticas básicas. Você tem um plano amostral com sexo, escolaridade e renda. Mas não é numa cidade do tamanho de Barreiras onde você tem uma divisão de bairros, onde políticos têm uma quantidade de votos maior do que os outros. Se você pegar as pesquisas que são feitas na cidade, bairro a bairro, você vai ver que alguns candidatos lideram em determinado bairro, outro lidera em outro bairro e assim sucessivamente”, explicou Rony Moreno.

Para ele, há uma variável de liderança nesses bairros que precisa compor a metodologia de qualquer pesquisa eleitoral em Barreiras. “Quando você tira 55 amostras num bairro de classe alta, vai favorecer completamente a um candidato específico dessa classe. Isso é nítido, isso é real, isso é visto. Qualquer pessoa que andar numa cidade como Barreiras vai saber que cada bairro tem o seu líder. Que um determinado político lidera naquela comunidade”, reforçou.

Impugnação

O Partido Renovação Democrática (PRD) chegou a entrar com um pedido de impugnação da pesquisa AtlasIntel/A Tarde, na Justiça Eleitoral, alegando “falta de transparência nas fontes de dados e o arredondamento de percentuais” e inconsistências na aplicação correta do cálculo amostral.

“Levando em consideração o colégio eleitoral de Barreiras, que conta com 107.098 eleitores em julho de 2024, o número correto de entrevistas deveria ser de 1.057 (mil e cinquenta e sete) para atender aos critérios de precisão exigidos. A realização de apenas 800 (oitocentos) entrevistas é insuficiente para garantir a representatividade da amostra e a confiabilidade dos resultados”, diz trecho da ação judicial.

O pedido de impugnação, contudo, foi negado pelo TRE porque o partido se antecipou na petição. Contudo, determinou que o Instituto AtlasIntel “traga ao presente processo, em seu prazo de resposta, os dados relativos à área física na qual a pesquisa foi efetivamente desenvolvida”.